Simplesmente porque ele não é um problema, mas sim uma grande oportunidade. É a oportunidade de aplicar seus conhecimentos no mundo real. De saber como funciona o mundo real. É a chance de mostrar seu valor ao mercado. Também de se diferenciar em conhecimento e experiência aos seus colegas, futuros concorrentes no mercado de trabalho.
Executar um projeto de pesquisa é uma excelente oportunidade de aplicar no mundo real os conhecimentos adquiridos durante todo o seu curso. É a chance de se testar frente a um problema. É a oportunidade de resolver um problema. E claro, gerar uma oportunidade de carreira futura.
Mas também é um dever, afinal a sociedade espera isto de um profissional quase formado, que ele contribua com seu conhecimento para nosso desenvolvimento como sociedade organizada. Isto está na razão inicial de a sociedade organizada fundar universidades. De preparar seus melhores cidadãos para serem seus agentes transformadores. Aqueles que trazem e fazem o progresso.
Ok. Linda introdução. Se você faz mestrado ou doutorado, a sua motivação para se dedicar é óbvia. Ou faz bem feito ou não recebe a titulação que deseja. Mas e para quem está na graduação, com aquela ideia clássica: “não quero seguir carreira acadêmica, por que deveria gastar energia e tempo com o TCC?”. Parece insano, mas existe até projeto de lei inspirado nessa “ideia” – ao menos no âmbito de atuação da Universidade Aberta do Brasil.
Enfim, vamos direto ao objetivo do artigo. O que falta em minha opinião é “visão de protagonista” aos alunos, principalmente na graduação. O normal é ter “visão de vítima”, e encarar a obrigação de realizar o projeto de pesquisa (TCC e afins) como um problema, como algo desnecessário.
Você passa a maioria do seu curso ouvindo, com pouca ou nenhuma prática, apenas teorias. E então na talvez única oportunidade prática de exercer parte da sua profissão, de mostrar sua competência pessoal e contribuir para a sociedade, você decide “levar nas coxas”? Ou pior, decide comprar, onde outro fará o seu trabalho. E olha, não falta opções neste “mercado”.
MERCADO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Reflita um pouco. Se tem alguém que faz para você, por cerca de R$ 1000,00, por exemplo, isso significa duas coisas. A primeira – o que é de certa forma óbvio – é que fazer um projeto de pesquisa não deve ser difícil, afinal, pelo valor, só é VIÁVEL vender tal produto no mercado se consegue fazer uns 5-10 completos por semestre. Se alguém consegue fazer NO MÍNIMO CINCO, como você não conseguiria fazer UM?
Sabe o que é pior? Isto ocorre de tal forma que hoje é um mercado de alto faturamento – vide imagem de pesquisas feitas no Google sobre isso. Sabe por quê? Porque ninguém compra anúncio no Google se isto não lhe é rentável. Não existiria concorrência. Não teria sites especializados. Muito menos seria um mercado tão formal e explícito – ainda que seja ilegal, ou seja, quem produz e quem compra comete crime de falsidade ideológica! Tem uma excelente matéria do jornal paranaense Gazeta do Povo sobre o mercado de trabalhos acadêmicos.
Existir este mercado é revoltante. Revoltante porque é reflexo de muita coisa. Reflexo do nosso sistema educacional, onde muitas pessoas chegam ao fim da faculdade sem capacidade técnica de defender sua resolução de um problema – seu trabalho de conclusão. Reflexo da nossa “cultura” de ir levando as coisas, sem empenho, sem motivação. Reflexo da nossa falta de produtividade, onde poucos fazem algo relevante e útil. E a pior, reflexo da falta de visão de futuro dos nossos futuros “profissionais”.
É sério. Novamente, você passa teu curso inteiro passivamente, só ouvindo e resolvendo problemas bobos. E justo no trabalho de conclusão – sua oportunidade de resolver um problema real – você deixa de lado?
ASSUMA O PROTAGONISMO
Vamos lá, vou lhe dar 4 grandes motivos, com diversas possibilidades de abordagem. Não vai ter como arranjar uma desculpa. Não tem como dizer que não tem motivo. Não tem como não se dedicar. Vai passar a ser obrigação, cívil, moral e ética. E vou começar logo pela razão de existir desta “obrigação” na grade curricular da sua formação.
#MOTIVO 01 – APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO NA VIDA REAL
Durante todo o seu curso, você passou realizando pequenos trabalhos, com questões padronizadas, com apenas a função didática de lhe ensinar os principais conceitos e técnicas da sua profissão. Tudo isto ocorreu com um professor lhe orientando e lhe corrigindo passo a passo. Tudo dentro de um ambiente muito controlado (salas e laboratórios), sem surpresas (que seu professor não soubesse contornar). Infelizmente no mundo real as coisas não funcionam assim.
Uma das mais importantes habilidades do futuro será a sua capacidade de resolver problemas – criatividade é resolver problemas de uma forma inédita. E o trabalho de conclusão do curso é exatamente isto. É encontrar um problema, propor e testar uma solução com embasamento no método científico . E depois defender a sua solução para a banca, onde você será aprovado (ou não).
Me preocupa muito o fato de que uma parte dos futuros profissionais com curso SUPERIOR não serem capazes de propor uma solução para um problema com embasamento científico. Não é à toa que as empresas reclamam da má qualidade dos profissionais que chegam ao mercado. Claro que o TCC não é a causa disto, também é uma consequência do nosso péssimo sistema de ensino. Mas este assunto ficará para um próximo artigo.
Vamos voltar aos motivos para dedicar-se ao seu projeto de pesquisa. Se o papo de resolvedor de problemas não lhe convenceu, vou lhe dar motivos pessoais para isto.
#MOTIVO 02 – DESENVOLVIMENTO PESSOAL
Um bom motivo para dedicar esforço e tempo ao seu projeto de pesquisa é que esta atividade vai lhe mostrar quem você é. Você vai conhecer seu comportamento frente a adversidades (elas existirão). Vai conhecer o que é trabalhar sobre pressão – prazos e cobranças do seu orientador. E claro, vai saber as suas limitações técnicas, seus pontos fracos.
Quando fiz meu TCC, aprendi que sei lidar bem com pressão, que sou ótimo em resolver problemas, principalmente sobre pressão (soube disso quando recebi elogios do meu orientador). Mas também descobri que era PÉSSIMO com prazos. Basta ver as datas dos artigos anteriores aqui do blog. Tem lacunas de semanas sem artigo. Essa descoberta me acendeu um alerta. Esta competência eu deveria dominar. Cumprir prazos é requisito para ser um bom profissional, seja lá o que for que você faça.
Como deve ter notado na minha experiência, a atividade de desenvolver uma pesquisa pode lhe fornecer informações sobre como você reage a um projeto complexo e longo. Como você se organiza, como você se planeja, quais são suas principais habilidades e competências, e claro, seus defeitos que precisam de atenção. E este tipo de conhecimento, não tem livro ou professor no mundo que possa lhe ensinar melhor que a prática, que a experiência no mundo real.
Mas você é duro na queda. Ou não é narcisista. Precisa de motivos mais nobres para ter ânimo e vontade para se dedicar ao desenvolvimento do seu projeto de pesquisa. Então vou apelar para seu lado “cidadão do mundo”.
#MOTIVO 03 – IMPACTO SOCIAL
Vivemos em sociedade. Fato. O próprio conceito de cidadão implica nisto. Somos seres sociais. Temos motivações sociais para muitas das nossas ações. Seu projeto de pesquisa pode ser uma destas ações. E não faltam justificativas sociais para isto.
Começamos com as expectativas da sociedade. Esta criou e mantém instituições de ensino com o objetivo de ter os melhores profissionais no futuro. E espera que estes profissionais contribuam para o progresso da sociedade. Logo, a partir do momento que você decidiu entrar na sua instituição de ensino, em determinada formação, você “assinou” um compromisso de contribuir com a sua sociedade, pois ela espera isto de você.
Você moralmente tem este compromisso. Quando formado, seu JURAMENTO de formatura vai registrar isto. Então use seu tempo e esforço em uma causa que retorne em benefícios para a sociedade.
Que tal resolver algum problema da sua cidade? Já que se esperar pela nossa política, demora, faça você mesmo! Assuma o protagonismo. Contribua de forma prática com a sociedade. Use este trabalho obrigatório em prol de um bem maior (eita que frase bonita!).
Ok. Você é tímido. Ou se envolver com a sociedade nunca foi seu forte. Ou ainda, o que você quer saber é: dá para usar o trabalho de conclusão para minha carreira profissional? Mas é claro que dá. E é onde mais tenho motivos para lhe apresentar!
#MOTIVO 04 – DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA PROFISSIONAL
Achou que realizar um trabalho de pesquisa não tem como lhe ajudar profissionalmente? Também pensou como os “apoiadores” daquela lei que quer abolir a exigência do trabalho de conclusão? Que pena. É justamente para a carreira profissional que esta tarefa mais pode contribuir.
Existem inúmeras formas de você utilizar a experiência do seu TCC em benefício para sua carreira. Você pode utilizar para aprender sobre um assunto não abordado durante seu curso. Ou ainda para aprofundar um assunto que foi superficialmente apresentado. Você pode incluir ele como conhecimento adquirido no seu currículo. Ou você pode ainda usar ele para praticar alguma atividade específica da sua profissão.
AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO ESPECIALIZADO
Como já citado, seu projeto de pesquisa deve abordar uma questão em específico. Um problema que necessite uma solução. Sua simples execução já vai lhe dar conhecimento da realidade daquele tema. Nada de problemas fictícios dos livros, ou problemas-perfeitos de ambientes controlados como sala de aulas e laboratórios. É conhecimento real, prático, de como funciona aquilo no mundo real. Experiência prática é uma das melhores habilidades valorizadas em entrevista de emprego.
Claro, também tem a questão do domínio do método científico. Ele é a razão de todo o conhecimento que temos hoje. Ele é a causa de todos os principais progressos de nossa sociedade. Seja na medicina, cada vez mais precisa e abrangente. Seja na tecnologia, com seus avanços para proporcionar produtividade e qualidade de vida. Seja qual área for, todas devem seus avanços a construção do conhecimento com base no método científico.
Por fim, se um determinado assunto lhe interessou no curso, e você queria se aprofundar ainda mais, nada melhor que usar o TCC para isto. Só o fato de você precisar encontrar pesquisas atuais do teu tema já é suficiente para você se destacar.
Me lembro o quanto foi importante ter contato com as pesquisas atuais da minha área. Era conhecimento bruto, fresco, que por livros só teria daqui 5-10 anos (tempo médio de conversão de descobertas científicas em obras literárias acessíveis ao público em geral). Ter esse conhecimento antes de todos é um grande diferencial profissional para o mercado, se usado com inteligência.
INCREMENTO DO CURRÍCULO
Ah! esse sim um bom motivo. Afinal, nada melhor que conseguir turbinar seu currículo com uma experiência prática. Isto fica ainda mais interessante se você pretende seguir carreiras como de consultoria, assessoria e afins. É a oportunidade perfeita para adicionar um “case” resolvido aos seu portfólio. Se for o primeiro então, é um bom argumento para futuramente conquistar novos clientes.
Mas você também pode usar esta tarefa para “entrar” na empresa que deseja. Se a empresa não tem vaga ou não lhe contratou como trainee ou estagiário, ainda há uma esperança. Você pode usar a “desculpa” de fazer a pesquisa na empresa que deseja trabalhar (ou empresas, por que não?), para mostrar para ela, na prática, como você é profissionalmente. E assim usar o TCC para abrir portas no futuro.
É uma oportunidade para estabelecer conexões e conhecer melhor como funciona sua empresa-desejo. Mas cuidado. Seja ético e transparente. Não crie expectativas de contratação por causa disto. Encare como uma forma de “processo seletivo”. Não fique forçando a barra, se mostrando muito e produzindo pouco. Isso será notado, e claramente não é uma boa forma de mostrar como você é na prática da profissão.
Por fim, se nada der certo, encare como prática da sua profissão em uma determinada área – tema do seu projeto. Isto vai lhe dar informações melhores sobre a rotina da sua profissão naquele contexto, ou em vários contextos – dependendo de como é seu projeto de pesquisa – obtendo assim informações valiosas para as decisões futuras de carreira.
Achou que acabou por aqui os motivos? Que tal um extra, no assunto do momento? Surpreendente não?
#MOTIVO EXTRA – STARTUPS
Talvez você ainda não saiba, mas eu, Edson Moser, criador do Orientador Online, sou formado inicialmente em Administração. Desde o início do meu curso, sempre me interessei sobre tópicos de tecnologias, marketing e educação. Bom, naquela época não as chamavam assim, mas as empresas disruptivas destes tópicos eu acompanhava com muita atenção. Entender como surgiram, como estruturam seu negócio, como fazem dinheiro…
Hoje este “tipo” de empresa é conhecida por uma palavra da moda: STARTUP. E muitas delas surgem ou surgiram de desdobramentos de algum projeto de pesquisa. Quer um exemplo? Google. O algoritmo base do buscador é fruto de uma tese de doutorado dos seus criadores Larry Page e Sergey Brin.
Todos os métodos usados para criação e organização do ecossistema das Startups tem fundamentação em pesquisas. Como eles criam e testam um produto? Desenvolvem um MVP (minimum viable product). Como desenvolver um MVP? Seguindo os passos básicos do método científico: Ter uma inquietação (problema); criar hipóteses para testar; desenvolver um experimento para o teste; validar os resultados obtidos; desenvolver novas hipóteses (…) e assim por diante.
Quer criar uma? Quer trabalhar numa? Aprenda o método científico. Startups utilizam estritamente o método científico. Ou seja, adquira conhecimento prático do método científico com a execução da sua pesquisa. Vai que no futuro ela vire um negócio e você funde sua própria Startup?
CONCLUSÃO
Como percebeu neste artigo, motivos não faltam para você dedicar-se ao seu projeto de pesquisa. Mas tudo depende da forma como você encara esta atividade. Tudo depende da sua atitude, da sua visão de protagonista. No fim, não é questão do que fazer, mas como fazer. É isto que importa. Seja ousado. Seja criativo. Seja esperto. Use este tempo e esta atividade a seu favor. Isto depende exclusivamente de você, da sua ATITUDE. Seja produtivo, e mais que isto, seja um profissional do futuro, útil para a sociedade.
E lhe digo mais. Conhecimento prático adquirido ninguém tira. Lembre-se que todos os seus colegas do curso serão seus concorrentes no mercado de trabalho. As únicas atividades que lhe diferencia deles são as matérias optativas que fez, e o seu projeto de pesquisa. No resto, vocês são praticamente iguais, diferindo apenas na quantidade/qualidade do conhecimento absorvido (também conhecido como desempenho acadêmico – suas notas).
O artigo foi longo, com diversos motivos. Mas eu poderia ter resumido em apenas um. Flávio Augusto, do Geração de Valor (bilionário brasileiro criador do Wiseup), fala em seu livro: que existem duas formas de você encarar tudo na sua vida: como uma vítima das circunstâncias, ou como criador das circunstâncias (protagonismo).
Se você escolhe ser sempre a vítima, nada poderá fazer, afinal vítima nada faz, apenas observa o que está acontecendo. Portanto, seja protagonista na sua vida, crie as condições necessárias para seu sucesso. Crie seu futuro. E que tal começar a criar seu futuro pelo seu projeto de pesquisa bem feito? Eu posso lhe ensinar como. Basta cadastrar seu e-mail no formulário abaixo (ou numa janela que surgir na tela).
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